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Mais de mil rodoviários poderão ser demitidos

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Maua, ônibus, VLT, Rio
Determinação pode provocar milhares de demissões (Foto: Arquivo)

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (SINTRONAC) acionará a Justiça contra a Prefeitura do Rio, por conta da interrupção de circulação dos ônibus intermunicipais no Centro da capital. Segundo o sindicato, a alteração no trânsito dos coletivos provocará a demissão, em um primeiro momento, de pelo menos 1,2 mil rodoviários de 35 linhas, além de afetar uma média diária de 204 mil passageiros.

Segundo o sindicato, um ofício já foi emitido à Prefeitura solicitando a revogação da decisão. Ainda de acordo com a categoria, atualmente, 525 veículos, que partem de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá, circulam no Centro do Rio. Alguns rodoviários poderão ser absorvidos em outras linhas, mas, com a crise econômica que atingiu o setor nos últimos anos, a tendência é que o número de demissões cresça gradativamente, afetando, além de motoristas e cobradores, equipes de manutenção, manobristas e despachantes, entre outros.

“A Prefeitura do Rio já comunicou oficialmente suas intenções de suspender a circulação das linhas da zona oeste da cidade, depois as da zona sul e, mais à frente, das intermunicipais. O objetivo seria abastecer o VLT com passageiros, mas isso, definitivamente, é irreal, pois esse modal não suporta o grande fluxo de pessoas, que os ônibus transportam diariamente. Nem tem agilidade para isso”, afirmou o presidente do SINTRONAC, Rubens dos Santos Oliveira.

As empresas da base do SINTRONAC, que têm ônibus em circulação no Centro do Rio, são: Fagundes, com 147 veículos e as linhas 524T, 540D, 722D, 723B, 749D, 1721D, 7721D; Nossa Senhora do Amparo, 105 ônibus e as linhas 146D, 2146D, 2590R, 4146D, 543D, 578D, 579D, 590R; Coesa, 95 veículos e as linhas 545/2545, 4545, 535/2535, 426; Rio Ita (Itaboraí), 75 ônibus e as linhas 566D, MB17, 2925D, 1925D, 565D, 2926; Pendotiba, com 44 veículos e as linhas 770D, 771D, 1920D; Mauá, com 30 ônibus e as linhas 100D, 101D; e a Ingá, com 29 veículos e as linhas 1730D, 731, 725.

O Departamento Jurídico do SINTRONAC estuda entrar com duas ações judiciais, caso a Prefeitura do Rio mantenha a decisão de impedir a circulação dos ônibus intermunicipais no Centro da cidade, restringindo seus pontos finais à Rodoviária Novo Rio e aos arredores da Central do Brasil. A primeira será na Justiça do Trabalho, pelo impacto da medida na categoria, com as consequentes demissões em massa; a outra na Justiça do Estado pelo fato de a administração municipal não ter apresentado nenhum estudo do impacto ambiental, que resultaria da grande concentração de veículos pesados em apenas dois espaços urbanos, congestionando ainda mais as vias de acesso à capital e causando extremo desconforto para os usuários do transporte.

“Pelo menos 20 empresas de ônibus já faliram no estado do Rio de Janeiro, 14 só na capital. O número de demissões cresce a todo instante no setor. O poder público tem que repensar o sistema de transporte, mas de uma maneira que restabeleça seu equilíbrio e não que o degenere mais ainda. Além disso, a concentração de veículos pesados em dois pontos apenas irá agravar ainda mais o já caótico trânsito nas vias de acesso à cidade”, avaliou Rubens Oliveira.

Procurado, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (SETRERJ) afirmou que "não haverá mudança nenhuma com as linhas da nossa região, por enquanto".

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